Artigo 115 – Meritocracia ou Morte

por Marcelo Veras | 17 de jun de 2013

"Se este pilar não existir, os dias estão contados”

Hoje o meu recado vai para os empresários, líderes e gestores de equipes. Tenho retomado este tema com frequência porque o número de pessoas que simplesmente não enxergam o problema parece aumentar a cada dia.

Em uma reunião recente com o presidente e o vice-presidente de um grande grupo empresarial de educação estávamos discutindo a questão da meritocracia nas empresas. Na ocasião eles me contavam como tratam o tema na empresa. Fiquei encantado com as práticas de gestão que envolvem reconhecimento e recompensa. Todas muito bem amarradas e alinhadas com o que penso sobre o assunto. Foi inevitável na conversa relembrar e contar um caso que acompanhei em uma empresa que, por anos a fio, desenvolveu uma cultura de meritocracia e que conseguiu, em um único mês, destruir tudo e iniciar uma jornada contínua de perda dos seus melhores talentos. A situação em si nem vem ao caso. Foram apenas duas situações envolvendo a colocação de uma pessoa da família em uma posição de liderança sem a devida preparação e uma demissão sumária de uma pessoa bastante competente por uma razão quase inacreditável. Bom, como eu disse, o caso não interessa. O que importa de verdade é que este pilar chamado meritocracia, no que diz respeito à atração e retenção de talentos, é o central. Se ele cair, cai tudo. Tudo mesmo. Uma empresa sem este pilar é uma empresa condenada ao fracasso. Pode demorar, mas a porta do cemitério aparece.

O que eu acho engraçado (para não dizer trágico) nessa discussão é que grande parte dos líderes e empresários não cuidam bem deste pilar. Ou delegam a pessoas sem a menor preparação para cuidar de algo tão importante em uma empresa. Todos falam e dizem reconhecer que empresas fortes dependem de pessoas competentes e comprometidas. Entretanto, muitas conseguem, em uma canetada, destruir tudo e, literalmente, convidar todos os seus melhores funcionários a deixarem a empresa mais cedo ou mais tarde. Juro que tenho dificuldade de entender como algo tão importante pode ser tão negligenciado por tantos empresários.

Uma coisa que eu já identifiquei como causa dessa miopia é a seguinte: Grande parte dos empresários e líderes de equipes não consegue enxergar os impactos de uma decisão em relação a uma pessoa nas outras da empresa ou da sua área. Acreditam que quando decidem algo em relação a uma pessoa, só estão impactando somente a mesma. Grade erro e grande falta de visão. A razão é simples e quase óbvia: Todos estão vendo. Ninguém é cego. Ninguém é bobo. Uma promoção de uma pessoa por razões que não sejam o mérito, uma demissão por razões injustificáveis, uma falta de reconhecimento a um trabalho bem feito, uma decisão de remuneração variável sem o devido cuidado e transparência nos critérios... São alguns exemplos de coisas que são vistas por todos. Sempre digo que, ao se tomar decisões desse tipo em uma empresa ou área, a preocupação deve ser maior com quem não está envolvido do que com quem está envolvido. Ao se demitir alguém, por exemplo, o que vai acontecer com quem fica? Isso é mais importante do que a demissão em si. Todos reconhecem minimamente que a demissão foi justa? Se a resposta for não, há algo de muito errado na forma de gestão desse líder. Decisões, por mais duras que sejam, lastreadas por mérito, não geram impacto negativo. Muito pelo contrário. Até motivam mais os não envolvidos.

Empresários, gerentes, líderes de equipe, por favor e pelo bem de suas empresas, cuidem melhor desse pilar chamado meritocracia. Não convidem os seus melhores talentos a atualizarem seus currículos e buscarem um lugar onde o mérito será premiado e reconhecido. Estes lugares são raros, mas existem. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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