Artigo 128 – Quedas que viram trampolins

por Marcelo Veras | 16 de set de 2013

"Livre-se das suas vacas e a sua vida vai mudar. Para melhor” 

Nesta semana eu tive uma reunião com duas pessoas que, além de parceiros comerciais, gosto e confio muito. No final da reunião, já jogando papo fora, estávamos discutindo uma situação que eu e o meu sócio vivemos há dois anos e que foi extremamente delicada para o nosso negócio, porque envolvia uma corrida contra o tempo para termos estrutura física para suportar um crescimento da empresa, que estava batendo à porta. Eu contava que esta situação complicada que vivemos foi determinante para que nós corrêssemos como loucos para encontrar uma solução que, no final das contas, saiu melhor do que a encomenda e que nos levou a alçar novos voos, que nem sequer estávamos pensando naquele momento. Em outras palavras, um baita de um problema nos impulsionou a encontrar novas soluções e novas oportunidades. 

E foi aí que eles citaram a parábola da vaca. Se quiser conhecê-la por completo, basta digitar na internet, mas a história é fácil de resumir. Uma família vivia em uma colina, em estado de profunda miséria, vivendo apenas do alimento fornecido por uma vaca. Um mestre e seu discípulo dormiram uma noite nesta pobre casa e ouviram a triste história do pai, mãe e três filhos subnutridos. Na manhã seguinte, antes de partirem, quando o discípulo perguntou ao mestre como poderiam ajudar esta família, o mestre ordenou que ele pegasse a vaca e empurrasse no precipício. Este ainda questionou o mestre, mas foi obrigado a fazer isso, ainda sem entender o porquê. Eles foram embora antes da família acordar e a pobre da vaca morreu precipício abaixo. Anos depois o discípulo decide abandonar o mestre e retornar à casa, ainda arrependido pelo que tinha feito e achando que iria encontrar aquela pobre família pior ainda em função da perda da sua única fonte de alimento. Ao chegar, ele encontra a mesma família, mas agora em uma bela casa, com outras fontes de sustento e com saúde infinitamente melhor do que anteriormente. Ainda surpreso, o discípulo ouviu o testemunho do chefe da família, confessando que a perda da vaca foi triste, mas que os impulsionou a buscar novas soluções, novas fontes de renda e fez com que a família inteira desenvolvesse novas habilidades. E isso foi determinante para a grande mudança que ocorreu na vida deles.

Esta parábola serve como uma luva para o nosso momento histórico atual e para as nossas carreiras. Há uma série de oportunidades por aí. Há uma série de “convites”, às vezes silenciosos, que recebemos todos os dias para novas estradas e novos caminhos. Mas a maioria ainda está preso (a) à sua vaquinha, achando que ela é a única solução para a sua vida. E não é. A nossa vida e a nossa carreira podem ser muito mais atrativas do que temos hoje. Mas é preciso coragem para se livrar das nossas vacas, pois embora pareçam uma opção segura, na verdade elas são verdadeiras âncoras, que nos impedem de viver novas experiências e trilhar novos caminhos profissionais. 

Eu nem tenho mais ouvidos para tanto testemunho que ouço nas minhas aulas de planejamento de carreira de pessoas que estão vivendo situações profissionais que mais parecem com sessões diárias de tortura mental. Acho isso muito triste, mas confesso que o que acho mais triste ainda é a inércia como alguns tratam o assunto. Sei que é difícil mudar, chutar tudo e começar outro caminho, mas todos precisam entender que determinados ciclos têm seu fim. Isso vale para a vida pessoal e para a profissional. Chega uma hora que não vale mais a pena investir. O retorno não vem e não virá. Não adianta esperar e ficar todo dia vivendo do leite da vaquinha. Para que algo novo realmente aconteça, a “vaca” tem que ser empurrada no precipício. Pois só assim a reinvenção vem e transforma a nossa vida.

Fica aqui esta reflexão para esta semana. Responda: - Será que você não está vivendo uma vida parecida com a da família da parábola da vaca? Se estiver, só tenho um conselho a dar: Livre-se da sua vaca! A sua vida e a sua carreira agradecerão em menos tempo do que você imagina. Até o próximo. 

por Marcelo Veras
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