Artigo 133 – Empatia e seus efeitos

por Marcelo Veras | 21 de out de 2013

 "Empatia - uma disciplina que deveria ser obrigatória"

 Ninguém gosta de sofrer. Ninguém gosta de ser enganado. Ninguém gosta de ser traído. Ninguém gosta de ser tratado com indiferença. E quando digo ninguém, é ninguém mesmo. Ou você conhece alguma pessoa que aprecia alguma das mazelas acima?  Provavelmente não.

 A minha pergunta, portanto, é: Se ninguém gosta de receber as maldades acima, por que tanta gente as distribui diariamente e sem economias? Por que o mundo tem tanta gente mentirosa, mal caráter, traidora e maldosa? Na nossa vida profissional, porque estamos sempre cercados de cobras prontas para nós picarem? Por que tanta gente gosta de usar a cabeça de outras pessoas como degrau de escada para crescer profissionalmente? Por que? 

 Estas questões me intrigam. E não é pouco. Sempre que conheço alguém "do mal" fico me perguntando: Por que? O que ganha com isso? A primeira pergunta que me vem à cabeça é: Será que essa pessoa consegue deitar a cabeça no travesseiro à noite e dormir? O pior é que sim. Já fiz uma pesquisa informal e estou convencido que pessoas do mal dormem bem. Deitam e dormem, sem nem pensarem no estrago que fizeram ou fazem com outras pessoas. Se brincar, dormem melhor do que as pessoas do bem. Isso é muito louco. Embora eu saiba, já há muito tempo, que as contas sempre chegam e que um dia serão pagas, o que me intriga é a motivação da maldade e da falta de caráter. Qual é a motivação? O que dispara o processo de fazer o mal?  

 Tenho, ao longo do tempo, excluído algumas hipóteses para explicar o fenômeno. Por exemplo, não acredito em questões meramente psicológicas, até porque se fosse assim, metade da humanidade deveria morar num hospício. Também não acredito em questões meramente sociais ou do ambiente em que se vive ou foi criado. Conheço gente que cresceu em ambientes tão propícios a criarem verdadeiras cobras peçonhentas e nem por isso se tornaram uma. E outras que cresceram e tiveram uma educação de alto nível e que não valem a roupa que vestem. Então a questão persiste: por que tem tanta gente do mal do mundo e nas empresas?

 Partindo do pressuposto citado logo no início deste artigo, de que ninguém gosta de receber o mal, chego à conclusão que muitas (talvez a maioria) das pessoas que fazem o mal não têm (pelo menos conscientemente) a real noção do que fazem porque não conseguem se colocar no lugar de quem sofre ou irá sofrer as consequências dos seus atos. Esta, na minha humilde visão, a explicação mais lógica. Se ninguém gosta de receber maldades, mas faz, é porque não tem noção do tamanho do dano. Só pode ser isso. E esta capacidade de sentir a dor do outro, de colocar o seu pé no sapato do outro para sentir onde dói, tem nome: Empatia.  

 Portanto, em tese, passo a acreditar que se houvesse uma forma de fazer com que todas as pessoas desenvolvessem a capacidade de exercitar diariamente a empatia com os outros e, mais especificamente, com os mais próximos, poderíamos reduzir bastante a quantidade de maldade no mundo. A lógica é simples: Se eu aprender e sentir na pele como dói ser traído, vou pensar duas vezes antes de trair. E assim por diante. 

 Acho que pode ser um caminho. Talvez não resolva o problema por completo, mas creio que pode ajudar um pouco a tornar o mundo, as empresas e as relações menos periculosas. Fica a dica. Como seria o mundo se colocássemos como matéria obrigatória em todos os cursos, preferencialmente no ensino fundamental e médio, uma disciplina chamada “Empatia”? Até o próximo!

por Marcelo Veras
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