Artigo 161 – Bananas e a sua carreira

por Marcelo Veras | 05 de maio de 2014

 “Faça como o Daniel Alves. Coma a banana e siga o jogo”

 Esta última semana foi marcada pela resposta do lateral direito do Barcelona, o brasileiro Daniel Alves, quando torcedores racistas jogaram uma banana no campo, bem ao lado de onde ele bateria um escanteio. A cena, onde ele pega a banana no gramado, descasca, come e bate o escanteio ainda com a boca cheia, foi emblemática e marcante. Rodou o mundo e inspirou até a campanha “Somos todos macacos”, que fez um relativo sucesso nas redes sociais. Se você não viu, procure na net e assista. Vale a pena.

 Bom, mas o que isso tem a ver com a sua carreira? Na minha visão, você pode tirar muitas lições deste fato para a sua carreira. Para explicar, vamos voltar um pouco no tempo... Casos de racismo no futebol não são raros e muito menos recentes. Há times sendo punidos quase que mensalmente por causa de atitudes como esta por parte dos seus torcedores. As vitimas, jogadores negros, sempre reagiram com indignação. Alguns deles, como o atacante Eto´o (do mesmo Barcelona na época), chegaram a sair de campo chorando ao serem chamados de macacos. Não os condeno por terem feito isso. Eu mesmo nem sei como reagiria em uma situação como esta. Mas precisamos refletir aqui sobre o que desperta e o que realimenta atitudes racistas, bem como várias outras na dimensão pessoal e profissional. Na minha visão, um dos ingredientes básicos é a importância que lhes é dada. É como apelido na escola. Um tio meu uma vez me falou. - Quando te colocarem um apelido e você não gostar, ria com eles e não dê importância. Nunca fique bravo ou demonstre estar incomodado. Se fizer isso, aí que vai pegar. Batata! É exatamente isso que acontece.

 No caso do Daniel Alves, a resposta foi, genuinamente: - Danem-se! Isso não me atinge! É lógico que ele não ficou feliz. É lógico que isso é um insulto, um absurdo e que merece ser punido duramente. Mas este tipo de resposta, aliada a uma atitude posterior de foco no que realmente importa, é fantástica. Além disso, ela calou a boca do “agressor” de uma forma tão sutil e inteligente que encanta.  Veja, não estou dizendo que não devamos nos indignar com determinadas coisas. O que estou dizendo é que, às vezes, a melhor resposta chama-se “indiferença”. Este tipo de gente se alimenta da indignação e da tristeza dos outros. Quando respondemos com indiferença, é uma tapa na cara e uma decepção enorme para quem ofendeu. Acredite, a indiferença machuca muito. 

 No ambiente de trabalho e ao longo da nossa carreira, por várias vezes somos subjugados ou ofendidos pela manada de incompetentes e pessimistas de plantão. Este tipo de gente existe em todos os lugares e em todas as empresas. E, quando miram a sua maldade para o nosso lado, elas querem exatamente nos tirar a paz, o foco e a nossa determinação, às vezes simplesmente por inveja. Na maioria dos casos, se dermos bola, como no caso do apelido na escola, elas ganham força e motivação para continuarem nos enchendo de maldades. Se, ao contrário, ignorarmos e usarmos esta raiva para produzir ainda mais e brilhar ainda mais, estas cobras peçonhentas vão sumindo do mapa e da nossa vida. Parece louco, mas é a pura verdade. A melhor resposta para quem nos joga uma banana é comer a banana.

 Pense nisso durante esta semana. Tente rever as suas posturas em relação àqueles que te querem o mal e que não perdem uma chance de tentar te jogar para baixo. Na vida pessoal, você tem a opção clara de deletar esta pessoa da sua vida. Na vida profissional, nem sempre isso é possível. Então o melhor é transformar estas pessoas em paisagens. Fingir que elas não existem e seguir o seu caminho, focado no seu trabalho e nos resultados que precisa produzir. Se a ofensa causar raiva em você, canalize-a para produzir ainda mais e depois calar a boca dessa turma com o que realmente interessa, resultados. Portanto lembre-se sempre: Quer matar de raiva uma pessoa do mal? Ignore-a! Até o próximo!

por Marcelo Veras
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