Artigo 192 – Fofoca no escritório

por Marcelo Veras | 08 de dez de 2014

 “Se fala para você, pode ter certeza que fala de você” 

 Desde o meu primeiro emprego (o qual foi como professor) uma coisa sempre me incomodou por onde passei. Refiro-me àquelas rodinhas de pessoas no café, “tricotando” e falando (geralmente mal) de outras pessoas, as chamadas rodas de fofocas. Além de uma perda de tempo enorme, porque enquanto fofocam deveriam estar produzindo para a empresa que paga seus salários, sempre achei essa postura uma total falta de caráter. Falar mal de outra pessoa pelas costas é muito pequeno. É tarefa de gente muito pequena. Mas, como pude identificar esse "vírus" existe em todas as empresas por onde passei. É terrível, mas essa prática lamentável e essas pessoas sempre existem. Parece que cada empresa tem que cumprir uma cota “social” e ter alguns fofoqueiros contratados. Como eu não tinha (nem tenho até hoje) poder ou uma fórmula mágica para sumir com essa gente, tratei de ficar longe delas, sempre e o máximo possível. Tenho uma solução simples para isso: toda vez que alguém começava a falar comigo sobre outra pessoa, com uma clara intenção de falar mal, eu me afastava. Assim, fui deixando claro que fofoca não era comigo. Quem quisesse um cliente para suas fofocas, fosse procurar outro, não a mim.

 Depois de anos aprendi uma coisa bem interessante. Cabe aqui até uma analogia sobre as discussões a respeito do comércio de drogas ou de produtos piratas. Se alguém vende, é porque alguém compra. Simples assim. Se não houvesse consumidores para produtos piratas, não haveria produtos piratas. Esta analogia vale para as fofocas. Se elas existem, é porque alguém quer ouvi-las, concorda? Creio que sim. Portanto, a fofoca tem “mercado”, ou seja, existe um grupo de pessoas que dá ouvidos e que, portanto, alimenta o apetite dessa gente que não tem coisa melhor para fazer.

 Partindo desse pressuposto, sempre que assumi uma equipe, fiz questão de deixar claro que não gosto de fofocas, não quero saber de fofocas e que toda comunicação deve ser pessoal e direta, principalmente quando o assunto for relações no trabalho. De uma certa forma, creio que consegui, com esta clareza e assertividade, criar ambientes onde as pessoas estivessem focadas no trabalho e se apoiando mutuamente. Quem já trabalhou comigo pode atestar que fofoqueiros não duravam muito ao meu lado. Por mais competentes que fossem, acabam fora.

 Hoje trago este tema porque a falsidade tem se mostrado um grande mal, nas relações pessoais e, principalmente, nas relações profissionais. Fico impressionado com algumas situações que me descrevem ou vejo. Exemplo, uma pessoa desliga o telefone após uma conversa com um colega de trabalho e comenta algo maldoso com o colega do lado: - Não suporto gente burra! Olha o que fulano disse... E faz isso com tanta naturalidade que nem percebe o tamanho do erro que está cometendo.

 Hoje tenho um grande desafio profissional. Algo que me motiva muito, até porque para alguns é uma missão impossível neste mundo tão competitivo. Quero desenvolver na minha equipe uma cultura de companheirismo. Quero que a falsidade, as tentativas de “puxada de tapete”, a maledicência e a competição insana sejam substituídas pela reciprocidade, pelo apoio mútuo, pelo desejo genuíno que o outro tenha sucesso, pela amizade e construção coletiva.

 Quero isso por várias razões. Porque acredito que os resultados serão melhores, os processos mais eficientes, mas, principalmente, porque as pessoas trabalharão melhor e serão mais felizes. Pretendo fomentar este ambiente de forma muito intensa, principalmente dando o exemplo. Quero que as pessoas saibam que ninguém cresce sem apoio e sem relações ganha-ganha. Não é sinal de fraqueza pedir ajuda ou aceitar ajuda. “Compaixão é fortaleza”, como dizia Renato Russo.

 Recomendo que você pense um pouco a respeito deste tema e forme a sua opinião. Como dica inicial, recomendo que comece se afastando de pessoas fofoqueiras e, é claro, não sendo uma delas. Fique longe dessa gente, até porque é importante você saber de uma coisa: Se falam de outras pessoas para você, pode ter certeza que falam de você também. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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