Artigo 205 – Conhecimento com prazo de validade

por Marcelo Veras | 16 de mar de 2015

 “Em breve diploma terá prazo de validade, assim como remédio e margarina” 

 É desnecessário falar do ritmo de mudanças do nosso mundo atual. A velocidade com que as coisas acontecem hoje é, ao mesmo tempo, fantástica e assustadora. Uma pesquisa recente com grandes executivos e empresários mostrou que as mudanças tecnológicas representam o maior receio para empresas e seus comandantes. Uma nova tecnologia pode acabar, do dia para a noite, com um produto ou até mesmo com um negócio inteiro. Empresas que fabricavam apenas câmeras fotográficas, máquinas de escrever e pagers  que o digam. E isso é apenas o começo.

 Lembro-me muito bem das minhas aulas de marketing quando fiz o meu primeiro MBA Executivo em 1998. De lá pra cá, mudou tanta coisa que dá até vertigem. A mídia se fragmentou (zilhões de canais de TV a cabo, revistas, blogs, etc), o consumidor mudou, as formas de pagamento mudaram e a internet criou um novo e revolucionário canal de vendas, para não falar de outras mudanças. Em outras palavras, posso garantir que tudo o que aprendi sobre estratégias de marketing para conquistar e manter clientes serve para muito pouco hoje, exceto os conceitos básicos e eternos sobre relacionamento, bom atendimento e empatia. Nunca parei de estudar e acabo de voltar formalmente para a cadeira escolar, cursando o meu Pós MBA e me atualizando sobre o presente e o futuro da gestão de empresas. Ou faço isso, ou estou morto como profissional.

 Já compartilhei aqui, na série que apelidei “As provocações de um Head Hunter – partes I  e II”, duas perguntas que estão entre as mais feitas em entrevistas de empregos para vagas de liderança. São elas:

 1. Na sua visão, o que você tem de diferente dos seus pares?

 2. O que você fez nos últimos 6 meses para ampliar a sua fronteira de conhecimento? 

 A segunda pergunta toca exatamente neste tema de hoje : atualização contínua. Além disso, nos deixa uma grande provocação: Até quando vale um conhecimento apresentado em um currículo ou escrito em um diploma? 

 Nenhuma área está isenta desta pergunta. Nenhuma. Por que os (bons) médicos vivem em congressos e simpósios? Por que a turma de Tecnologia da informação não deixa de estudar nunca? A razão é simples: Quem parar de se atualizar está morto. Está fora do mercado. E isso só se explica pelo fato de que a velocidade com que as novas descobertas chegam e matam as "verdades" temporárias que vigoravam até ontem é brutal.

 Portanto hoje tenho uma convicção muito forte. Sei que para alguns poderá parecer um devaneio ou um surto psicótico, mas é o que penso e quero colocar aqui para você analisar, refletir e formar a sua opinião, contra ou a favor. Acho que, hoje e no futuro, muitos dos conhecimentos acumulados poderão ser úteis apenas por um tempo determinado. Também acredito que, em breve, os diplomas terão prazo de validade, assim como remédio, requeijão e pão. Nas áreas influenciadas por mudanças tecnológicas ou de comportamento das pessoas, não tenho dúvida alguma. Em áreas de formação humana e raciocínio quantitativo, posso até discutir. 

 Veja, não quero aqui dizer que algo que foi estudado há anos não valha mais nada. Não é isso. Praticamente todas as áreas do conhecimento deixam seus legados e suas bases, que são atemporais e que constroem uma base de pensamento. Mas quando falamos de áreas de aplicação (administração, engenharia, medicina e negócios), a influência das mudanças e novas descobertas é tão forte que, literalmente, destroem verdades do dia para a noite. Nestas áreas, acredito que o conhecimento desenvolvido em um período terá validade até o momento em que um novo conhecimento jogue-o por terra.

 Por isso, mais uma vez, reforço a importância da constante atualização. Os profissionais que queiram sobreviver e crescer precisam ter uma agenda de educação continuada bem construída e executada, porque em breve um curso, por melhor que seja, terá prazo de validade. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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