Artigo 208 – Porque os bons vão embora – parte II

por Marcelo Veras | 06 de abr de 2015

 “Uma boa reputação – algo cada vez mais importante” 

 No último artigo, listei cinco elementos que, na minha visão, representam hoje as maiores demandas de profissionais competentes em relação a empresas e chefes. São eles: Reputação, Autenticidade, Crescimento, Meritocracia e Autonomia. As empresas que pecam em um ou mais destes pilares, seja com políticas equivocadas ou mantendo líderes despreparados em seus quadros, pagam caro no que diz respeito à atração e permanência de bons profissionais. Tenho falado muito sobre isso nas minhas palestras e acho que essa ficha ainda não caiu na cabeça de muitos. As áreas de recursos humanos, com raríssimas exceções, ainda se utilizam de ferramentas do passado e que hoje têm pouca relevância e eficácia, principalmente para as novas gerações. O mundo mudou muito, bem como as relações entre pessoas e empresas. Não está fácil hoje conseguir construir e manter uma relação duradoura com os bons profissionais. Hoje, não é a apenas a empresa que decide se quer ou não um profissional em seu quadro. Os profissionais, principalmente os melhores, estão muito, mas muito, exigentes em relação aos cinco elementos que citei.

 Vamos ao primeiro deles: a reputação, em outras palavras, a imagem social ou coletiva. Ou seja, ter uma boa reputação é ser reconhecido coletivamente como bom em um ou mais atributos. Atualmente, com a conectividade global e a visibilidade que a internet proporciona, fica muito fácil pesquisar a reputação de uma pessoa ou empresa. E saiba de uma coisa, as pessoas fazem isso sim. A chamada geração digital, nascida pós 1990, faz isso quase no automático. Ao considerar ir trabalhar em uma empresa, durante um processo seletivo, ou ao conhecer um eventual futuro chefe, pesquisam tudo o que podem sobre estes. Se for uma empresa, pesquisam em sites de reclamações, buscam informações com pessoas que já se relacionaram com esta empresa, e por aí vai. Se for uma pessoa, recorrem ao “velho” Google. Aliás, você já experimentou digitar o seu nome completo, entre aspas, no Google? Se nunca fez, recomendo que faça. Pode aparecer coisa ali que você nem imagina.

 Um outro fator que tem impulsionado muito essa questão da reputação é uma maior consciência atual sobre questões ambientais,  corrupção, dentre outras mazelas da nossa sociedade. No Brasil, então, essa farra de corrupção endêmica que temos, infelizmente, está cada vez mais latente e sendo vista com lupa. Isso gera, além de um maior conhecimento, um repúdio coletivo, não só às pessoas envolvidas como também às empresas que estão sendo investigadas por pagarem propinas ou subornarem políticos. Já perdi a conta de quantos alunos e ex-alunos, ao verem suas empresas associadas a algum tipo de escândalo, afirmaram que perderam totalmente a motivação de continuarem nos seus empregos. Bastante compreensível, não acha? Quem quer o seu nome associado a escândalos? Quem se sente à vontade ao trabalhar em uma empresa que está sendo detonada pela mídia?

 Não posso afirmar que estamos no meio (ou começando) uma grande revolução moral, mas vejo, a cada dia, um maior desejo, por parte dos bons profissionais, de trabalharem em empresas e com pessoas que tenham uma boa reputação. De fazerem parte de uma organização que respeita o meio ambiente, que cumpre as leis e cujos líderes são pessoas honradas, sérias e que primam pela responsabilidade social.

 Portanto, deixo aqui uma reflexão para que você pense e discuta com seus colegas, pares, superiores e subordinados, a respeito de como anda esse termômetro da imagem na sua  empresa e nos seus principais líderes. E independente no nível hierárquico que você tenha na empresa, cuide bem da sua reputação, porque ela está sendo observada e medida bem de perto, através de formas que você nem imagina. Até o próximo, onde trataremos do segundo elemento – Autenticidade.

por Marcelo Veras
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