Artigo 236 – Email não executa

“Já mandei o email. Problema resolvido! Sqn”
por Marcelo Veras | 03 de nov de 2015
Artigo 236 – Email não executa

Certa vez, fui convidado para ministrar uma palestra para jovens recém-formados com idades entre  22 e 25 anos. Quem me convidou pediu para que eu focasse a minha fala nas competências não técnicas que, ao meu ver, mais imputam o sucesso de uma carreira, principalmente, nos primeiros 5 anos. Achei o desafio legal e interessante. Era a primeira vez que recebia um pedido tão específico. Aceitei o convite e fui refletir sobre quais competências iria apresentar e defender.

Todos nós sabemos que, geralmente, as primeiras portas se abrem para quem tem uma melhor formação, ou seja, demonstra ter as principais competências técnicas (conhecimento) que a vaga exige. Mas neste caso, o meu desafio era mostrar quais competências comportamentais e de gestão promovem aceleração da carreira nos primeiros 5 anos.

Ao preparar a minha palestra, olhando e refletindo sobre as 21 competências (13 comportamentais e 8 de gestão), escolhi três e mandei ver. Elas foram: Comprometimento e Execução, Relacionamento e Network e Empreendedorismo. Falei sobre cada uma delas, suas habilidades e formas de desenvolvimento. Ao responder as perguntas dos presentes, uma delas me intrigou, no bom sentido:  – Professor, e dessas três competências? Se você tivesse que escolher uma única, qual seria a mais importante? Em outras palavras, fui provocado a fazer a síntese da síntese. Não tive dúvidas. A minha predileta é Comprometimento e Execução.

Já escrevi uma série inteira sobre essa competência. Sou fã dela e sei, por experiência própria, o poder de alavancagem de carreira que ela possui. Uma pessoa que é comprometida, focada em resultados, que entrega suas tarefas com qualidade, pontualidade e de forma completa, que não vive mapeando problemas, mas apresenta soluções e que é organizada com a agenda e pontual em seus compromissos, é uma joia rara no mercado de trabalho. Essa competência, cujo nome quase diz tudo, coloca um profissional em uma posição de extremo destaque perante seus pares e concorrentes.

Nas últimas semanas convivi, em circunstâncias diferentes, com um tipo de frase que mostra a antítese dessa competência. Um tipo de fala que é muito comum nas empresas e que demostra uma total lacuna nessa postura e que irrita profundamente um chefe.

Quando delegamos uma tarefa para alguém, esperamos que essa pessoa a conduza até o fim, garantindo que seja executada como solicitado, concorda? Mesmo que a realização da mesma dependa de outras pessoas, o que se espera do responsável que a recebeu é que acompanhe a execução, cobre de outros, monitore cada etapa e garanta, até o final, que o assunto seja resolvido. Pois bem, o que você acha então da seguinte situação? Você delega uma tarefa para uma pessoa. Dias depois você cobra o resultado, porque viu que não foi executada. A resposta é a seguinte: “Já mandei o email”. Outra versão da mesma resposta: “Sério, não está feito? Mas eu pedi para fulano!”. O que você acha disso? Você delega uma tarefa, ela não é concluída e você tem que descobrir que não foi, e ao cobrar do responsável, ouve esse tipo de resposta. O que dá vontade de fazer? Deixo para cada um responder a si próprio.

Definitivamente, estamos em um momento histórico do mercado de trabalho onde esse tipo de postura é inaceitável. As equipes estão enxutas, o volume de trabalho é grande e não dá cabe mais esse tipo de postura que chamo de “terceirizar responsabilidades”. Se recebemos uma tarefa, temos que executá-la até o fim, mesmo que parte dela dependa de outros. E isso exige basicamente uma competência chamada Comprometimento e Execução. Independente de idade, fase da carreira ou qualquer outra variável, essa competência é o ticket para entrar no jogo quando se fala de crescimento profissional. Sem ela plenamente desenvolvida, dificilmente alguém vai muito longe na carreira. Pense nisso e nunca delegue nada para o email, porque “email não executa”. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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