Artigo 247 – Os cegos do castelo

Dos cegos do castelo me despeço e vou
por Marcelo Veras | 18 de jan de 2016

Na semana passada, um grande amigo fez um post no facebook com um texto fantástico. Quem quiser ler (vale a pena), acesse o facebook do Max Franco e veja um post do dia 09 de janeiro às 13h14, com uma imagem de uma igrejinha em um campo. Neste, uma história muito bacana mostra um fato que todos nós vivemos com frequência e, muitas vezes, caímos nessa armadilha. Refiro-me a entrar em discussões inúteis com pessoas que se alimentam da energia dos outros. Isso mesmo,  tem gente que se alimenta da energia dos outros. Assim como vampiro e pernilongo gostam de sangue, tem gente que gosta de sugar a energia dos que estão próximos, sempre através de intrigas e busca incansável por uma intriga ou uma tramóia. Na história (repito, fantástica), um homem ignora um desses “sugadores de energia” e foge da conversa, deixando o seu interlocutor com o que ele menos queria – as costas e a indiferença.

Nas empresas, nas famílias e nos meios sociais sempre tem um (ou mais) que faz parte desta casta. Pessoas infelizes, mal resolvidas, carentes de alguma coisa, limitadas intelectualmente, ressentidas ou simplesmente vazias de bons momentos, que passam o dia procurando confusão. Implicam com tudo, reclamam de tudo e querem, a qualquer custo, encontrar alguém feliz ou focado no trabalho para perturbar. Essas pessoas têm um ímã de energia. Já conheci várias deste naipe e sei da capacidade que essa gente tem de estragar um dia ou a semana de alguém.

E tem mais, normalmente esses sujeitos têm um faro aguçado para pessoas felizes, produtivas e focadas. Em outras palavras, quanto mais feliz alguém estiver, mas prazer essa turma tem em perturbar e procurar confusão. Não é difícil ver que outro forte ingrediente dos “sugadores” é a inveja.

O ideal seria que esses cidadãos encontrassem ou uma razão mais nobre pela qual viver ou um aeroporto para ficarem distantes, mas como nem uma coisa, nem outra, são fáceis de ocorrer, só temos duas saídas. A primeira (pior delas) é oferecer palco para esses infelizes e emprestar a nossa energia e o nosso tempo para eles. Quem fizer isso, perderá tempo e, principalmente, energia. Já teve que “fazer sala” para alguém intragável? É gostoso? Eu, particularmente, entre contracenar com alguém medíocre e fazer um tratamento de canal, fico na cadeira de dentista. Ao menos, tem anestesia.

A segunda, mais inteligente, é dar o troco com aquilo que essas pessoas odeiam – a indiferença. Virar as costas e deixá-las falando com as paredes. Fingir que não existem. Não perder um minuto do nosso escasso e precioso tempo com esses vampiros de energia.

Ao ler a história do post citado, lembrei-me na hora da uma música fantástica do Titãs – Os cegos do castelo. Cantei a música mentalmente ao ler o texto do Max e ao escrever esse artigo. A letra é outra obra-prima e merecia um prêmio Nobel. Fica aí outra dica – ouça essa música e concentre-se na letra, principalmente na passagem “Dos cegos do castelo me despeço e vou”. É uma aula de como devemos agir com tudo o que nos puxa para baixo – dando um belo Tchau!

A nossa vida já tem problemas demais para ficarmos abrindo espaço para esse tipo de pessoa. Eu já me vacinei contra isso. Desses, quero distância. Procuro nem lembrar que existem, para não correr nem o risco de sentir algo por elas. No final, a indiferença é a melhor postura e o silêncio, a melhor resposta.

Tem uma cena no filme Casablanca que ilustra bem essa atitude. O cara chega para Rick (Humphrey Bogart) e pergunta:

- Rick, você me despreza, não é verdade?

O ator famoso olha para o cidadão como percebesse só ali a sua existência e, tranquila-maravilhosamente, responde:

- Sabe? Se eu pensasse em você, talvez eu o desprezasse!

Por fim, fica a síntese. Não empreste o seu tempo ou a sua energia para sanguessugas. Vire as costas e vá cuidar da sua vida e da sua agenda positiva. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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