Artigo 249 – Ouvido seletivo

Há momentos nos quais você deve escutar sem ouvir”
(Max Franco)
por Marcelo Veras | 01 de fev de 2016
Artigo 249 – Ouvido seletivo

Vou fazer uso hoje de uma fábula narrada pelo expert em storytelling, Max Franco, que é muito pertinente ao momento em que vivemos como profissionais e como habitantes deste “tanque”.

Havia um tanque que estava cheio de sapos. Por que os sapos estavam num tanque? Por que eles não estavam num outro lugar? O fato é, essa história depende que sapos estejam confinados num lugar inóspito. Por que eles estão? Porque a história pede, só isso.

Os sapos estavam num tanque. Mas não estavam satisfeitos em estar nesse tanque. Parece um país que conheço. Um país perto do nosso. O problema é que os moradores deste tanque ficavam o tempo todo resmungando e falando mal das condições de vida naquele logradouro. Tudo era razão de crítica: o preço dos combustíveis, a corrupção, os impostos, o BBB, o zica, o desemprego crescente, a economia em queda livre e todas as desgraças existentes naquele território.

Foi aí que um sapo teve uma ideia:

- Vamos fugir do tanque.

- Como fugir? Dá para fugir?

- Claro que dá para fugir, a gente é sapo e sapo salta. Vamos saltar e ir embora desta joça.

- Salta você primeiro.

- Por que eu?

- Porque eu dei a ideia. Vai, salta. Vai amarelar?

- Eu sou verde, mas não amadureço igual banana. Eu não amarelo. - disse o sapo e pulou. Infelizmente, mal alcançou a metade da parede, meteu a cara na parede e caiu feio.

Nesta altura, havia se amontoado um monte de sapos. Todos emitindo as piores opiniões. "Estamos perdidos!". "Vamos morrer aqui!". "Não há saída para ninguém!". " É o armagedom!". "É o lepo-lepo!". A conclusão da coletividade era só e apenas uma: Não haveria chances de escapatória daquela situação grave e crítica.

Até que um sapinho ousado, meio magrelo, de jeito encabulado, pernas finas, abriu caminho  no meio da bagunça e, mesmo em meio a todas as previsões de catástrofe, deu um salto impressionante até a borda do tanque. Ele conseguiu. O impossível tinha sido feito.

- Ei, sapo! - gritou o sapo-chefe lá de baixo. - Ei, sapinho! Parabéns! Que maravilha! Como você conseguiu tal façanha? Ensine para nós! Todos queremos sair dessa... desse tanque. Ei, sapo, por que não responde? Não quer nos ajudar?

- Não é isso! - disse uma sapinha simpática ali perto. - É que ele é surdo mesmo!

Moral da história: Às vezes é necessário ser “surdo”.

O momento em que vivemos não é bom. Disso, todo mundo sabe. Agora, se tem uma coisa que não vai ajudar em nada é reclamar. Muito menos ficar dando ouvidos aos discípulos do apocalipse. E são muitos, viu? Olhe a sua volta. A quantidade de gente falando mal de tudo, de todos, e pregando o fim do mundo é enorme. Dependendo do caso, temos que ouvir, até por uma questão de educação e para não deixar uma pessoa falando sozinha, mas temos que ouvir sem escutar. E a razão é muito simples – se formos entrar nessa histeria de acreditar que nada mais tem solução, aí que a coisa vai ficar feia, concorda?

Mais uma vez, insisto, vamos gerenciar o que temos para gerenciar – o nosso tempo, o nosso dinheiro e a nossa energia. E colocar esses recursos naquilo que pode produzir resultados, e não ficar nessas rodinhas de sapos que entram numa doença coletiva de pessimismo , falam muito e produzem pouco. Enquanto isso, tem muita gente “surda” que está passando na frente e fazendo a coisa acontecer. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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