Artigo 256 – O cérebro servo

por Marcelo Veras | 28 de mar de 2016
Artigo 256 – O cérebro servo

Na semana passada iniciei mais uma jornada de aprendizado. Afinal, em um mundo como o nosso, parar de estudar significa entregar a sua carreira ao acaso. Além deste fato, parar de se atualizar é voltar ao analfabetismo e perder aos poucos a capacidade de entender o mundo atual e futuro. Um estudo recente de Harvard defende que os conhecimentos em gestão de negócios têm prazo de validade – 7 anos. Digo isso há anos. Quem já me ouviu em palestras ou aulas sabe que vivo dizendo que, em breve, no verso de um diploma haverá um prazo de validade, assim como temos nos pães, remédios e manteigas.

Pois bem, na semana passada virei aluno da Pós-graduação em Neuromarketing, lançada em Campinas no ano passado e já na segunda turma. Além dos meus estudos recentes e interesse por neurociência, os depoimentos dos alunos da primeira turma (ainda em andamento) me convenceram a começar esta nova jornada de conhecimento. Era um sábado cheio de sol (ideal para estar em uma piscina). Começamos a primeira aula do curso às 08h e saímos às 17h40, sem nem perceber o tempo passar. O primeiro módulo, ministrado por um doutor em Morfofisiologia do cérebro, Prof. Alexandre Rezende, nos levou a uma viagem pelo funcionamento desta máquina fantástica chamada cérebro.

Confesso que fiquei impressionado com o histórico dos estudos sobre o tema, começando em 5.000 A.C. e tomando, século a século, novos capítulos a cada nova descoberta. Mas uma coisa impressiona – nos últimos 30 anos descobriu-se mais do que em 7.000 anos. Tudo isso graças à tecnologia e aos exames não invasivos. Os estudos mais impactantes, pelo menos até o momento, são os que mostram claramente como funcionam as conexões (sinapses), os neurotransmissores e suas ações no nosso comportamento. Em outras palavras, quais substâncias estão relacionadas com memória, comportamento motor, prazer, apetite, excitação, medo e por aí vai. Fiquei particularmente encantado com um exercício matemático que fizemos, provando que os estímulos são capazes de alterar essas conexões e, por consequência, o nosso comportamento. Absolutamente fantástico.

Coincidentemente, no intervalo da aula, li no meu celular um estudo que diz que reclamar faz mal para o cérebro. Compartilhei e discutimos em aula. O estudo apenas era mais um, dentre vários, que provam que o nosso cérebro pode ser condicionado, ou seja, ele é quase um músculo. Não é tão simples assim, mas a analogia facilita o entendimento. Em outras palavras, quando pensamos muito em uma coisa, seja ela boa ou ruim, as sinapses relacionadas ao tema aumentam, ou seja, reforçamos ainda mais este comportamento. Este processo é tão forte, mas tão forte, que pode inclusive influenciar outras pessoas. Outra prova científica sobre isso são os chamados neurônios espelhos, que agem sem que a gente perceba. Por exemplo, quando bocejamos ao lado de outras pessoas, muitas vezes outros nos seguem, quase como se o bocejo fosse contagioso.

Essa aula foi fantástica. E olha que estamos só começando. Mas ela serviu para me fazer concluir que uma frase recente de um amigo, Ricardo Basaglia, faz todo sentido. A frase é a seguinte: “Você é a média das cinco pessoas com as quais mais convive”. Ele disse isso em uma aula para os meus alunos de MBA, reforçando a ideia de que temos que nos aproximar de pessoas que nos joguem para cima, não o contrário. Se queremos ser grandes, precisamos nos aproximar dos grandes. Se queremos ser felizes, temos que nos rodear de pessoas felizes. Agora entendo que isso é uma verdade com comprovação científica.

Portanto hoje fica, além da minha mais completa empolgação com a nova área de estudos, a plena convicção de que podemos (e devemos) influenciar o nosso cérebro positivamente. Faça você mesmo um balanço de como você está estimulando o seu cérebro. Comece olhando para as cinco pessoas com as quais mais convive. Será que você está cercado das pessoas certas? Até o próximo!

por Marcelo Veras
compartilhar