Artigo 257 – Um grande líder se mostra nos pequenos gestos

por Marcelo Veras | 04 de abr de 2016
Artigo 257 – Um grande líder se mostra nos pequenos gestos

César é um profissional muito talentoso. Formou-se em Administração numa escola de ponta, fez intercâmbio nos EUA durante a faculdade, fala inglês fluentemente, tem dois MBAs e ocupa um cargo importante numa empresa de grande porte. César é muito bem avaliado pelos seus superiores. Nos últimos dois anos, ganhou o bônus máximo em função dos seus resultados. Atualmente, tem 3 subordinados na sua equipe. Veste-se impecavelmente, adora ternos bem cortados, camisas lindas e, de vez em quando, uma gravata de dar inveja. Cabelo sempre bem cuidado, barba civilizada e perfume na dose certa. Ele chama a atenção dos pares na empresa. Todos o consideram como um forte candidato a ter uma carreira brilhante na companhia. Aliás, ele adora deixar vazar, nas rodinhas de café, que é assediado por outras empresas, mas que gosta dali e não pretende sair. Há aqueles que acreditam que ele blefa, mas muitos acreditam que seja verdade. Mas o fato é que ele afirma que um dia será presidente, desta empresa ou de outra.

Ele é um exemplo da “quase” perfeição. Mas uma coisa chama a atenção no comportamento de César – ele trata mal (quando não ignora) pessoas do ele chama do “baixo escalão” da empresa. Nunca cumprimenta os porteiros, muito menos às pessoas da equipe de limpeza que circulam pelo escritório. É como se elas não existissem e ele não as enxergasse. Certa vez, até fez cara feia e deu uma bronca numa senhora da limpeza que, que deixou cair um pedaço de papel perto da sua mesa enquanto limpava a área. “Mais cuidado da próxima vez, por favor!” – disse olhando para a senhora com cara de cobra pronta para dar o bote. A coitada saiu tremendo e de cabeça baixa pela bronca que levou. Essa fama, assim como a de um profissional talentoso, também corre a empresa. Todos notam e alguns comentam o seu desprezo por pessoas de cargos inferiores.

Pois bem, sabe qual é a minha opinião sobre o César e as suas ambições de carreira? Vou ser simples e direto: César nunca vai ser um grande líder. Nunca. E tem mais, um dia, se o seu desempenho cair para um padrão mediano, ele não só deixará de crescer, como também irá para o topo da lista de demissões. Com essa postura ele ainda pode galgar alguns degraus, mas não vai longe.

Quem acompanha meus artigos sabe e deve se lembrar de inúmeras reflexões que fiz e faço sobre a competência Liderança. Também gosto de lembrar uma tese que saiu da minha pesquisa de 10 anos sobre sucesso profissional e que prova que os grandes líderes acham que foram muito mais “empurrados” para cima do que “puxados” para cima. Ou seja, a nossa postura com nossos pares e subordinados tem mais relevância no futuro da nossa carreira do que a nossa postura com chefes. São ingênuos aqueles que pensam o contrário e só investem (e cuidam) nos relacionamentos com superiores.

No caso do César, por mais talentoso que seja, ele rasga pelo menos 4 habilidades da competência Liderança. A sua postura não inspira confiança, não cria um ambiente pautado pelo respeito, não engaja e não serve de exemplo. Ou seja, o César como um líder seria um dos piores tipos, principalmente em empresas prestadoras de serviço, onde, às vezes, o papel do porteiro ao receber um cliente pode determinar o sucesso ou o fracasso de um negócio.

César, meu querido, Você tem duas opções: Primeira, faça uma lobotomia e mude radicalmente a sua visão e postura com as pessoas que estão abaixo de você na hierarquia. Elas merecem respeito, cordialidade e atenção.  Segunda, se não conseguir mudar, nasça de novo ou esqueça a sua ambição de um dia ser um grande líder. Até o próximo!

por Marcelo Veras
compartilhar