Artigo 276 – A abertura das olimpíadas e a sua carreira

“A história registra mais resultados do que processos”
por Marcelo Veras | 15 de ago de 2016
Artigo 276 – A abertura das olimpíadas e a sua carreira

Nunca fui fã da frase “Os fins justificam os meios”. De fato acredito que não vale tudo para se conseguir o que se quer, principalmente se o caminho, ou parte dele, for ilícito. Por outro lado, também tenho outras duas convicções que defendo sempre. Primeiro, que o caminho, desde que lícito, repito, é secundário perto do resultado. Segundo, que a história registra resultados e o resto se esquece. No esporte isso é inquestionável. A história trata de apagar os detalhes, mas o resultado final ficará sempre registrado. Por exemplo, a seleção brasileira campeã do mundo em 1994 tinha um futebol bastante questionável, quase não se classificou para a copa, mas ganhou o mundial (nos penaltis) e ponto final. Poucos se lembram do sofrimento que foi. Por que Ayrton Senna foi quem foi? Entre outras coisas, pelo que muitos diziam sobre ele: “O cara tira leite de pedra”. No início da carreira, com um dos piores carros da época, conseguia belos resultados e vitórias impressionantes. O seu nível de entrega era tão grande, mas tão grande, que às vezes compensava deficiências do carro.

Pois bem, no último fim de semana assistimos à abertura das olimpíadas Rio 2016. Confesso que fazia tempo que não sentia tanto orgulho de ser brasileiro. Um espetáculo! Ganhou de goleada da abertura da copa do mundo de 2014 e deixou o mundo inteiro encantado. Assim como muitos brasileiros, sob o efeito da crise pela qual ainda atravessamos, pela vergonha que passamos todos os dias com os escândalos de corrupção, confesso que estava torcendo o bico e pouco empolgado com o evento. Algumas pessoas próximas reforçavam ainda mais esse sentimento, criticando o jeitinho carioca e brasileiro de fazer as coisas, o improviso, os atrasos e as escolhas de cantores e personalidades que participariam do evento de abertura.

Um dia antes do evento ouvi na rádio uma entrevista com uma pessoa da organização e o meu humor começou a mudar, para melhor. Num tom de convicção e confiança, ele disse que sim, havia improvisos, muito devido à falta de verba, mas que todos iriam se surpreender com o que veriam. Contou que muitas das peças usadas foram compradas no Saara (versão carioca da Rua 25 de março em São Paulo). Um outro ponto que me encantou foi a sua fala sobre a escolha dos cantores, músicas, roteiro e adereços. Ele disse que, embora os jogos ocorressem no Rio, eles queriam mostrar o Brasil e um pedaço de cada cultura. Já gostei mais ainda e a minha expectativa só cresceu. Achei uma atitude nobre e inteligente.

Bom, o resultado? Todos viram e repito: Um show! Para mim, de zero a dez, nota onze. Ao longo do evento e depois que acabou, fiquei refletindo e, mais uma vez, reforçando a minha convicção de que o resultado conta mais do que o processo. No final das contas, o que todos passaram nos bastidores, por mais erros que tenham sido cometidos e por mais amadora que possa ter sido a preparação e execução de alguns processos, o resultado foi fantástico. E é isso que conta - o resultado. Que lições esse fato deixa para a nossa carreira? Muitas. Pense, reflita e tire suas conclusões sobre como você lida com as dificuldades e limitações de recursos para fazer o seu trabalho e conduzir a sua carreira.

Eu só tenho uma coisa a dizer: Parabéns aos cariocas, organizadores, voluntários e àqueles que, mesmo sem os melhores recursos, colocam a alma em tudo o que fazem e conquistam grandes resultados. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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