Artigo 277 – O fim da crise

“Crises são péssimas, mas acabam”
por Marcelo Veras | 22 de ago de 2016
Artigo 277 – O fim da crise

Meu amigo Ricardo Basaglia trabalha com recrutamento há anos e, inclusive, na maior empresa do setor no Brasil. Mal nos conhecemos, ele me contou uma característica do seu segmento e que me chamou muito a atenção. As empresas de recrutamento conseguem ter um termômetro mais antecipado sobre início e fim de crises. E isso acontece por uma razão muito simples de entender. Antes de começarem a demitir, as empresas param de contratar. Além disso, em tempos de vento a favor, 80% das contratações são para expansão de negócios e apenas 20% para substituição. Na crise, é exatamente o inverso. Por outro lado, quando as empresas enxergam que a crise vai acabar, retomam as contratações e manifestam preocupação com a perda de oportunidades caso não tenham profissionais para retomarem o crescimento. Ou seja, quando a chave do otimismo vira, os investimentos e contratações são retomados e o termo “crise” começa a sair das conversas.

Na minha disciplina de planejamento de carreira, reservo sempre uma aula para trazer um profissional de recrutamento para conversar com os alunos. O próprio Ricardo já participou diversas vezes compartilhando as demandas mais atuais daqueles que contratam uma empresa de recrutamento. Sempre é um momento fantástico para os alunos.

Pois bem, na semana passada um outro amigo, Lucas Toledo, veio dar o seu recado para a minha turma de MBA. Falou sobre processos seletivos, dicas para uma boa entrevista etc. Mas, sem sombra de dúvidas, o que causou a

maior euforia foi o seu depoimento sobre o momento do Brasil e a visão atual dos presidentes de empresas. Vale lembrar que ele senta com cerca de 3 presidentes de grandes corporações, em média, por semana.

Quando ele começou a dizer o que mais tem ouvido recentemente desses líderes, os olhos dos alunos começavam a se arregalar e brilhar. Os meus também. Com uma clareza de dar inveja, ele afirmou que 10 em cada 10 presidentes de empresa com quem conversa, manifestam interesse em crescer, investir e contratar nos próximos meses. Muitos deles, em função da crise, tiveram que enxugar tanto, mas tanto, que agora estão com medo de não conseguirem colocar a empresa em rota de crescimento por falta de pessoas.

Isso é um termômetro maravilhoso, considerando os nossos péssimos anos de 2015 e metade de 2016. Vale lembrar que por meses houve cerca de 8.000 demissões por dia no Brasil. Muitos desses profissionais ainda estão sem trabalho e em busca de recolocação. Mas o cenário futuro, segundo a maior empresa de recrutamento de executivos do Brasil, é bom.

Os mais jovens não sabem disso, mas nós que já temos cabelos brancos sabemos que o mundo é cíclico. Já passamos por outras crises no Brasil. Elas vêm e vão. Sempre deixam seus rastros de certa destruição, mas sempre, invariavelmente, nos deixam mais fortes. E esta não é diferente. Se tudo correr bem, o pior já passou e agora devemos entrar em um bom ciclo.

O que fazer com esta informação? Na minha visão, em primeiro lugar, é parar de falar de crise. Independente da forma com a qual ela lhe atingiu, é hora de fazer contatos, se atualizar, ir à luta e se apresentar como um profissional que está pronto para ajudar as empresas a retomarem o crescimento. O pior já passou. É hora de procurar oportunidades com mais afinco e determinação. O sinal está dado e é muito claro. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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