Artigo 290 – As lições de Tite

“Quer ser um grande líder? Aprenda a engajar”
por Marcelo Veras | 21 de nov de 2016
Artigo 290 – As lições de Tite

Depois da morte do Senna, a Fórmula I virou uma coisa sem graça para mim. Nunca mais sentei na frente da TV por metade de uma manhã de domingo para ver aquilo. A ausência de um grande piloto brasileiro, para mim, tirou a graça do esporte. Já no futebol, depois das duas últimas copas do mundo também parei de empolgar, bem como boa parte dos brasileiros. Uma combinação de jogadores descomprometidos, metidos a estrelas, com salários de leão e empenho de gatinho, técnicos ruins e escolhidos sem o menor critério de meritocracia, só podiam produzir o que produziram – fracassos e mais fracassos. Cada um pior do que o outro, culminando no vergonhoso 7 x 1. Em função disso tudo, a seleção brasileira também deixou de brilhar meus olhos. Andei trocando jogo da seleção quase por qualquer coisa.

Porém, assim como espero ansioso pelo surgimento de um grande piloto brasileiro na Fórmula I, a seleção brasileira de futebol está ressurgindo das cinzas. O último jogo do Brasil contra a Argentina foi, para mim, o retrato mais claro de que um grande líder consegue fazer uma enorme diferença. Olha, aquele jogo foi um divisor de águas para mim e para muitos brasileiros, não só pelo chocolate de 3 x 0 nos hermanos. Voltei a sentir aquela pitada de orgulho e entusiasmo. E o momento mais marcante de todos foi o de um dos gols do Brasil, quando Tite sai correndo feito louco do banco na direção dos jogadores para comemorar. Aquilo foi, ao mesmo tempo, engraçado e muito simbólico. Aliás, como sempre digo, as pessoas se mostram nos detalhes. E esse detalhe diz muito sobre o que esse cara está fazendo com os jogadores, sendo que a maioria ali é a mesma e que só fazia feio com o técnico anterior. No momento em que escrevo este artigo, a Brasil já emplacou mais uma, ganhando do Peru (fora de casa) e completando a “Era Tite” com 6 vitórias em 6 jogos e praticamente com vaga garantida na próxima copa do mundo.

Pode ser que o Brasil nem ganhe a próxima copa, mas essa nova liderança está mostrando que é possível resgatar um orgulho de um povo na sua seleção, desde que todos nós vejamos raça, dedicação, senso de equipe e, claro, resultados. A pergunta é: Que lições os gestores podem tirar desse momento do futebol brasileiro? Na minha modesta visão, muitas. A começar pelo poder que um grande líder tem de mobilizar uma equipe.

Uso este exemplo para, mas uma vez, dizer o óbvio. A essência da liderança está na capacidade de montar uma equipe com os melhores? Sim, mas não só isso. É preciso criar as condições para que cada um dê o seu melhor, visando sempre o resultado do time. E isso se consegue, entre outras coisas, dando o exemplo, sofrendo e vibrando com a equipe. Engajar não é uma tarefa fácil. Poucos conseguem. O que é necessário? Um objetivo claro, muito trabalho, comunicação assertiva e um ambiente onde impere a meritocracia, o respeito e o senso de equipe. Com esses ingredientes, o sucesso pode estar a caminho. Sem eles, nem com reza.

Aquela corrida do Tite (se você não viu, busque na internet. Vale a pena) é mais do que uma comemoração, é uma demonstração de comprometimento com aqueles que são os maiores responsáveis pelo sucesso de um grande gestor – o seu time. Até o próximo!

por Marcelo Veras
compartilhar